segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Educação de Baraúna segue na contramão dos bons exemplos

Goiás lidera o melhor ensino público do país, mas o que foi feito para se diferenciar da mesmice da maioria dos municípios e estados?


Mais aula de matemática e português
Como as duas disciplinas são utilizadas no Saeb o estado acertadamente aumentou o número de aulas das duas disciplinas na sua grade curricular.

A secretaria municipal da educação de Baraúna resolveu seguir o Estado do Rio Grande do Norte e reduzir o número de aulas de matemática e português de cinco para quatro em cada uma. Na condição de diretor da Escola Manoel de Barros na época e ciente que não fazia sentido reduzir o número de aulas das duas disciplinas que são usadas para o cálculo do Ideb, conseguimos convencer o então secretário de educação Marcos Antônio de Sousa, que foi sensato a não alterar o número de aulas das duas disciplinas.

Em 2019, apesar de ter sido ano de realização da prova do Saeb, sem ouvir a comunidade escolar a direção da Escola Manoel de Barros resolveu seguir a orientação da secretaria municipal da educação que por sua vez seguiu o estado e diminuiu o número de aulas das duas disciplinas de cinco para quatro. Na condição de membro do Conselho Escolar tentamos dialogar com a direção da escola e reverter essa decisão, mas não fomos ouvidos. Como alternativa de reduzir o prejuízo para os estudantes, escola e município fizemos uma parceria com a professora de Língua Portuguesa Maria Onezilda e incluímos nas nossas aulas de Matemática e Língua Portuguesa dos 9º Anos conteúdos cobrados na Prova Brasil.

Apesar do nosso esforço com a direção nessa empreitada a escola não teve seu IDEB divulgado. Segundo o MEC o número de participantes no SAEB foi insuficiente para que os resultados sejam divulgados.

A decisão do estado em reduzir a carga horária não foi uma estratégia pedagógica de quem está preocupado com a educação do Rio Grande do Norte, mas porque tem uma deficiência de professores de Matemática e Português. Já no caso do Manoel de Barros não temos esse problema e a prova foi que em 2019 professores das duas disciplinas foram remanejados para lecionar outras.

Alguém em sã consciência pode imaginar que um município que amarga resultados vergonhosos em matemática e língua portuguesa decida reduzir o número de aulas das duas disciplinas?

Uso de 15 aulas de matemática e português para revisar conteúdo do ano anterior
Na condição de diretor e professor sempre defendemos a revisão dos conteúdos das duas disciplinas que os estudantes não viram ou aprenderam com deficiência nas séries anteriores que até hoje adotamos nas nossas aulas de matemática. Apesar de alguns professores aderirem essa estratégia a escola e a secretaria de educação não exigem, apenas sugere.

Escola em tempo integral
Em Goiás no tempo convencional são ministradas aulas do currículo convencional e no contraturno são oferecidas atividades optativas como música.

Em 2019 as escolas Manoel de Barros, Amauri Ribeiro, Pedro Fernandes e Rui Barbosa receberam juntas do FNDE/Educação Integral o valor de R$ 161.946,00. O programa é uma estratégia do Ministério da Educação que tem como objetivo melhorar a aprendizagem em língua portuguesa e matemática no ensino fundamental, por meio da ampliação da jornada escolar de crianças e adolescentes, entretanto os resultados esperados não têm acontecido.

Parceira com a iniciativa privada e colégios militares
Esta parceria é usada para fortalecer a profissionalização do sistema de ensino através do acréscimo de ferramentas tecnológicas que favoreceu a agilidade contra as notas baixa.

Baraúna tem várias empresas que estão usufruindo do nosso subsolo que poderia está sendo acionada para manter parcerias para a criação de projetos como o Jovem Empreendedor, mas por falta de visão e um plano estratégico da secretaria de educação estamos deixando de oferecer as nossas crianças e 
nossos jovens oportunidades de ter uma educação de qualidade.

Circuito de Gestão
A cada três meses, profissionais da educação recebem treinamentos, fazem rodas de conversa e analisam dados coletados nas provas dos alunos. A partir dos números é possível estabelecer metas para cada colégio; uma ferramenta mostra quais disciplinas e quais colégios precisam de mais atenção. Se algo não funcionou dentro de três meses, há uma discussão para decidir outra abordagem — como reforço ou treinamento do professor. Os relatórios saem aluno por aluno, escola por escola. Assim, não se espera até o final do ano para saber a qualidade do ensino. Não há prêmios para as melhores escolas.

Muitos professores desenvolvem, de forma solitária, projetos muito interessantes e de impacto na aprendizagem, mas não são reconhecidos nem suas experiências são adotadas pelas direções de escolas e muito menos pela secretaria da educação. Maioria das escolas são ambientes pobres de inovação e quem tenta ser diferente não tem o devido apoio. A escola é um ambiente ideal para se testar o novo, mas infelizmente em Baraúna predomina o uso dos métodos tradicionais que não consegue mais dar respostas as exigências dos estudantes.

Não sei se é porque sou engenheiro e matemático, mas todas nossas ações são transformadas em números, tabelas e gráficos e depois feito uma avaliação para identificar avanços e retrocessos no processo de ensino e aprendizagem. Quando diretor do Manoel de Barros tínhamos a prática de no início do ano letivo realizarmos uma avaliação do ano anterior e uma bimestralmente com os mesmos objetivos.

Ainda hoje de forma voluntária, quando podemos, temos alimentado a direção e coordenação pedagógica do Manoel de Barros com dados de pesquisas do processo de ensino e aprendizagem para que possam nortear suas decisões, entretanto as ações continuam sendo conduzidas pela intuição e temos como resultado a repetição dos mesmos erros e resultados insatisfatórios.

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