quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Como Sobral (CE) conseguiu alcançar um dos melhores Ideb do país

Contrariando a crença de que a vulnerabilidade social e econômica, aliada a uma situação geofísica desfavorável, inviabiliza a consolidação de um projeto educacional de qualidade, a rede municipal de ensino de Sobral conquistou, em 2013, o quinto melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Brasil nas séries iniciais do ensino fundamental, com 7,8. Nas séries finais, o índice de 5,1 também não deixa a desejar: é o melhor resultado obtido no Ceará. Embora o Ideb do estado mostre uma curva ascendente e as metas de 2005 para cá tenham sido superadas, a média estadual ainda é bastante inferior à de Sobral, com 5 pontos nos anos iniciais e 4,1 nos finais.

Outro dado que chama a atenção é que, das 51 escolas da rede municipal, onze receberam o “Selo Excelência com Equidade” da Fundação Lemann. A organização sem fins lucrativos analisou os números da Prova Brasil e do Censo Escolar e identificou 215 escolas públicas no país como modelos para garantir ensino de alta qualidade a todos os alunos da Educação Básica, independentemente do perfil socioeconômico de suas famílias, da localização ou de outros fatores comumente usados para justificar o ensino de má qualidade.

Mesmo com chuvas bem abaixo da média há mais de três anos, solo raso, flora escassa e vegetação rala – características típicas do semiárido nordestino –, todos os sobralenses de 4 a 5 anos frequentam a escola. Além disso, 98% das crianças com 7 anos de idade matriculadas na rede pública já são capazes de ler textos e, de cada 100 alunos, apenas dois têm atraso escolar de dois anos ou mais.

Mas, afinal, o que permitiu à cidade chegar a esses resultados tão superiores aos das cidades vizinhas? Na opinião do secretário de Educação do município, Júlio César da Costa Alexandre, o grande diferencial de Sobral é sua capacidade de gestão. “É preciso eleger prioridades, eliminar a politicagem e colocar a escola no centro do universo educacional, porque é lá que as coisas acontecem. Claro que há dificuldades, mas elas não podem ser usadas para justificar maus resultados”, acredita.

É importante ressaltar que os gastos com educação em Sobral correspondem ao mesmo percentual de 15 anos atrás, isto é, cerca de 26,5% do orçamento do município. “Não é o dinheiro que faz a diferença. É decisão política, decisão pedagógica, acompanhamento, compromisso e foco na aprendizagem”, conclui o secretário.

Crédito: Revista Escola Pública


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