quarta-feira, 15 de agosto de 2007

A importância da direção escolar e sua equipe direta

Quando se avaliara a educação nesse país tem apenas como foco a atuação do professor. Não precisa fazer uma tese de doutorado para saber que vários fatores influenciam a boa ou má educação. Entre esses fatores temos: a atuação da direção escolar, supervisores(a) coordenadores(a), funcionários, o próprio aluno, ambiente social que a família do aluno vive, atuação da Secretarias de Educação, os pais e o Projeto Político Pedagógico (concepção, elaboração, acompanhamento e avaliação).

Enquanto o governo está avaliando a aprendizagem do aluno (repetência, evasão, distorção idade-série) esquece das verdadeiras causas dos problemas. Resultado, sobra para o pobre professor que é saco de pancada de todos. Alguém já viu um pai ou aluno reclamar do trabalho da supervisão, do funcionário da escola ou das Secretarias de Educação? O foco principal é no professor e salvo algumas exceções o diretor.

Fala-se muito que a evolução da educação está no professor. Concordo em parte, agora achar que essa revolução passa apenas pelo professor é não querer assumir sua parcela de responsabilidade. Claro que o professor é o maior responsável no processo de ensino-aprendizagem, no entanto, se não houver uma coordenação e liderança na escola as mudanças não acontecerão. A título de exemplo, a seleção brasileira de futebol possuía na copa do mundo da Alemanha os melhores jogadores do mundo, mas foi eliminado porque faltou uma liderança, planejamento e coordenação eficiente. Esse exemplo ilustra exatamente o que se passa com as direções das escolas em nosso país.

Alguns estudos revelam que o trabalho do diretor de escola deve:

a) Definir claramente o foco da escola.
Uma tarefa indelegável do diretor. Com forte impacto no desempenho dos alunos é a definição do foco da escola, ou seja, para onde ela vai? Uma das principais causas do baixo desempenho dos alunos é a dissipação de energia por parte de todos os profissionais da escola que trabalham muito, mas sem orientação, ou seja, o direcionamento não existe ou não está claro. O foco deve estar claro, bem divulgado, assimilado por todos e integrado aos planejamentos e práticas dos professores e funcionários.

b) Promover a criação e o melhoramento contínuo do sistema eficiente de trabalho.
Neste caso os computadores são ferramentas importantes, no entanto, são poucos para o número de alunos e os que existem na escola são usados de forma ineficiente. Para se tomar qualquer decisão numa escola é necessário que o diretor tenha informações confiáveis e acessíveis em tempo real. Essa situação também se repete no uso dos computadores com os alunos, pois os digitadores não são capacitados para orientar os alunos na utilização dos computadores nem na criação de sistemas que facilitem o trabalho. Só digitam.

c) Integrar a escola com as classes, com cada aluno e comunidade.


d) Instituir o uso regular de sistemas de informação e análise.
O foco da gestão da escola deve ser melhorar os processos. Embora falemos, impropriamente, de melhorar resultados, na verdade nós melhoramos processos. Eles é que melhoram os resultados. Sistemas de trabalho eficientes significam: I) identificar as “melhores práticas”, dentro e fora do setor educacional (não reinventar a roda, mas conhecê-la melhor e usá-la); II) prevalência de “sistemas” (processos proativos regulares de trabalho) sobre ações aleatórias e reativas; III) incentivo ao trabalho cooperativo da equipe de profissionais da escola; IV) uso de métodos que estruturam o processo de melhoramento contínuo; V) garantia de condução eficiente das novas práticas, através de educação e treinamento específicos.

e) O quinto papel do diretor na revolução da educação é servir de modelo, comprometendo-se pessoal e visivelmente com as mudanças.
O diretor tem de ser a mudança que quer ver nos outros. Este é o estilo de liderança por trás das grandes mudanças. As pessoas aderem às mudanças por três motivos diferentes: I) identificam-se emocionalmente com elas; II) adotam-nas pela sua lógica, ou III) seguem-nas por uma disciplina funcional, em outras palavras, imposição. O diretor e sua equipe direta têm de serem vistos utilizando, aplicando, fazendo aquilo que dizem ser as novas práticas.

O que se percebe é uma apatia total na busca de soluções dos problemas das escolas por parte da direção escolar e supervisão. Não quero dizer que as questões administrativas não sejam importantes, mas não é a mais importante e os diretores de escolas estão desperdiçando muito tempo no administrativo enquanto o pedagógico, que é a essência da escola, está ficando em segundo plano.

Enquanto existe toda uma preocupação e planejamento para as questões administrativas, o pedagógico é feito no improviso, ou seja, o diretor deixa de ser uma liderança e coordenador do Projeto Político Pedagógico da escola para se transformar apenas em um administrador de recursos e conflitos. Está provado pela seqüência de resultados negativos do Manoel de Barros que fazendo o que sempre fizemos e trabalhando mais não vamos resolver o problema. Não se engane que iremos criar o novo com idéias e métodos velhos. O que precisa é trabalhar melhor e nesse caso a direção escolar é de fundamental importância.

Um comentário:

Domingos Santiago disse...

Olá Francisco. Li sua postagem sobre a importância da direção escolar na escola. O texto está muito bom. Parabéns.
Coloquei uma cópia deste texto no blog da escola (www.escolamcbica.blogspot.com), pois achei muito interessante. Coloquei suas referências. Se você não gostar entre no nosso blog e responda, e imediatamente tiraremos o seu texto.
Muito obrigado.