sábado, 4 de agosto de 2007

A escola que temos e a que queremos

Se D. Pedro I pudesse ressuscitar e retornar ao Brasil, iria se confrontar com as seguintes novidades: viagem de Portugal ao Brasil através de aviões ultra rápidos, comunicação feita por celular, teria a possibilidade de fazer uma viagem ao espaço, a indústria altamente tecnificada, a cura de muitas doenças antes considerada graves e incuráveis, pessoas comunicando-se via internet (MSN, Orkut, Blog, E-mail, etc.), ter a oportunidade de ouvir músicas e ver fotos por um Iphone, fazer compras com dinheiro de plástico, fazer um album de fotos com uma câmera digital, etc. No entanto, iria ter uma grande decepção ao encontrar a escola do mesmo jeito que deixou, ou seja, enquanto a sociedade passou por grandes mudanças a educação continua do mesmo jeito.
Todos buscam melhorar a qualidade da educação. Esse fato nos prova que não estamos satisfeitos com a escola que temos. Mas para conseguir melhorar a qualidade da educação é preciso identificar as características inaceitáveis e as que queremos promover.
A escola que temos caracteriza-se pela transmissão de conhecimentos, o professor é apenas um transmissor desse conhecimento, o aluno é um expectador passivo, a gestão é hierárquica e em alguns casos autoritária, a tecnologia funciona apenas como um apoio ao ensino e a educação tem como único objetivo a formação do aluno para o mercado de trabalho, quando consegue ao menos isso.
Passamos da sociedade industrial para a da informação onde o principal motor de mudança é a tecnologia digital que produz uma enorme quantidade de informação. Assim não faz sentido manter a escola para continuar transmitindo conhecimento, ou seja, a escola não está fazendo a coisa certa e por isso é ineficiente. Faz-se necessário:
1) Reconceituar a educação e reinventar a escola.
2) Ter como objetivo o desenvolvimento humano.
3) Reconhecer que a escola não tem mais o monopólio na educação das pessoas.
4) O currículo deve ter como base as competências e habilidades.
5) O método deve ser por projetos de aprendizagem.
6) O aluno deverá ser protagonista e ativo.
7) O professor deve ser orientador e facilitador do processo de aprendizagem.
8) A gestão deverá ser democrática e participativa.
9) A tecnologia deve ser uma ferramenta estratégica que ajude a aprendizagem.
Com relação à tecnologia, esta deve facilitar o acesso a informação, facilitar a interação entre pessoas, disseminar as experiências e funcionar como aprendizagem colaborativa.
A escola que desejamos deve ser capaz de contribui para que o ser humano seja apto a elaborar seu plano de vida e de construir as competências e habilidades necessárias para transforma sua realidade.
É fácil construirmos a escola que queremos? Claro que não. Para conseguirmos são necessários, além dos recursos financeiros, o propósito (vontade), a paixão pela causa, o plano realista (planejamento com objetivos, metas, metodologia, avaliação e acompanhamento) e a persistência (postura e atitude).
Quando se tem todas as condições favoráveis não é fácil provocar as mudanças necessárias na educação imagine diante de um ambiente adverso com professores mal remunerados; parte deles desestimulados, descomprometidos com a causa e por necessidade submeter a comprometer sua liberdade de expressão e ação por 20 horas adicionais; gestores descomprometidos e despreparados; dirigentes e sistema ineficiente que premia a incompetência e despreza os que fazem a diferença; predominância do corporativismo; mediocridade do cargo político em troca de favores futuros; pais desatentos com a péssima educação que seus filhos têm acesso e órgãos fiscalizadores como câmara de vereadores e conselho do Fundeb que não exercem corretamente suas funções.
Assim mesmo continuo acreditando porque sei da existência de pessoas que mesmo diante dessa adversidade têm pelo menos a grandeza de se indignar.

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