domingo, 23 de outubro de 2022

8 tendências para o futuro da educação e como se preparar

Confira como será o futuro da educação, qual o perfil dos novos alunos , 8 tendências e como preparar sua instituição de ensino. Confira!


Pensar e construir o futuro da educação não é só um capricho ou diferencial de mercado para as instituições de ensino superior, é uma necessidade!

O mercado de trabalho, que está se desenvolvendo cada vez mais rápido, pede por mais gente com habilidades técnicas e comportamentais bem desenvolvidas, prontas para assumir as novas vagas que surgem a cada dia.

Segundo a Brasscom, teremos uma lacuna de quase 800 mil cargos na área de tecnologia que não devem ser ocupados por falta de profissionais capacitados para assumir esses postos de trabalho.

E como podemos então inovar na área da educação e preparar os alunos para um mercado exigente e em franca expansão? Vem com a gente que preparamos um material completo sobre as tendências na área e como se preparar. Confira:

Como será o futuro da educação?

Vemos iniciativas inovadoras em diferentes setores do mercado como nas fintechs, nos aplicativos de mobilidade e nos e-commerces, todas apoiadas pelo desenvolvimento da tecnologia.

Se todas essas áreas estão se desenvolvendo e educação não, como podemos preparar as pessoas para trabalhar nessas empresas?

As salas de aula seguem o mesmo padrão há 200 anos e, mesmo com o uso de novas tecnologias, o ensino continua basicamente o mesmo.

O conteúdo pode ser passado por meio do Zoom, mas a premissa continua sendo a mesma: o professor tem todo o conhecimento sobre as matérias e sobre como ensinar, o aluno só está ali para receber a mesma informação que é passada para o restante da turma, sem levar em consideração seu desenvolvimento pessoal e as experiências que carrega consigo para dentro da sala de aula.

É uma ruptura muito grande sair de uma escola e entrar em uma empresa tipo startup por exemplo. Na primeira há pouco incentivo à tomada de risco, à criatividade e à autonomia, enquanto na segunda essas habilidades são geralmente o que faz um profissional se destacar e conseguir alavancar sua carreira.

Numa startup existe bastante espaço para experimentação, mudanças rápidas, tentativa e erro e trabalho em equipe. Enquanto na maioria das escolas é valorizado o acerto, as notas e a individualidade.

As escolas não têm preparado os estudantes para esse mercado e é comum dizer que toda revolução industrial demanda uma revolução educacional. O problema é que essa revolução ainda não chegou!

Qual o perfil dos futuros alunos?

Por isso o futuro da educação num mundo altamente tecnológico depende de algumas mudanças nas metodologias de ensino e na formação dos alunos. Algumas características do trabalho nas empresas de tecnologia podem nos dar pistas sobre possíveis caminhos para o futuro da educação:
  • aprender usando projetos, a teoria e a prática tendem a ficar bem afastadas e a demanda do mercado tem sido pela aproximação desses dois polos, prática bem embasada na teoria e capaz de gerar valor;
  • trabalhar em equipe, empresas são feitas de times, de trabalho compartilhado e interdependente, saber colaborar é uma habilidade que vai facilitar o trabalho em qualquer cargo;
  • utilizar recursos nativos digitais, a pandemia acelerou o uso de tecnologias que permitem o trabalho remoto então o uso de ferramentas que nasceram no digital são imprescindíveis para entregar um bom trabalho;
  • estimular a tentativa e o erro, o modelo de startup é baseado em tentativa e erro, constante iteração e tomada de risco, é importante que quem está entrando agora no mercado de trabalho tenha resiliência para não se frustrar logo nas primeiras tentativas de tocar um projeto;
  • autonomia do aluno, com direcionamento e autonomia os alunos têm a capacidade de surgir com novas ideias e soluções criativas que muitas vezes não foram previstas pelos professores.

8 tendências para o futuro da educação

Existem diferentes metodologias pedagógicas possíveis para fomentar as habilidades que o mercado de trabalho precisa ver nos futuros profissionais. Destacamos aqui algumas delas que podem ser combinadas com métodos mais ou menos tradicionais, recombinadas entre si e adaptadas para cada contexto educacional.

Apontamos algumas apostas mas é difícil prever o que o futuro da educação nos reserva, só podemos tentar adiantar tendências e mostrar como elas se alinham às necessidades de mercado atuais e que ainda não foram atendidas.

A maioria das nossas apostas colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem e permitem que ele se desenvolva levando em conta a bagagem que traz para a sala de aula e o perfil de profissional que ele quer se tornar como egresso do ensino superior.

1. Creative learning

É uma linha pedagógica que relembra a maneira como aprendemos na infância: observamos uma coisa nova, experimentamos, vemos o resultado dessa experimentação, temos um momento de intervenção e, por fim, a reflexão sobre aquela experiência.

Um exemplo simples que explica bem esse ciclo de aprendizagem é uma criança que coloca o dedo na tomada e leva um choque. A pessoa responsável intervém, fala “olha isso dá choque, precisa tomar cuidado, você pode te machucar com a eletricidade” e essa experiência gera um aprendizado: colocar o dedo direto na tomada não é uma boa ideia.

Para crianças um pouco maiores é possível propor algumas atividades com os colegas como construir casas com pauzinhos.

Quando começam a construir, um contribui com o outro, eles começam a vir com novas referências e a professora pode intervir chamando a atenção para como se constrói casas e prédios na vida real e incentivar a criança a tentar de novo, pensar em outros formatos e construir em equipe.

Quando falamos do creative learning no ensino superior, visitamos esse lugar do jardim de infância e suas várias etapas de aprendizagem: observar, experimentar, ter o resultado, observar o resultado, receber um feedback, experimentar de novo, receber novo feedback. Esse ciclo segue se alimentando de forma contínua.

Nas salas de aula do ensino superior podemos recriar esse modelo para trazer a vivência de cada aluno para a teoria e despertar o interesse para o conteúdo a ser apresentado.

Sem usar o dedo na tomada e as casinhas de madeira, podemos oferecer experiências com tecnologia e perguntar “como isso pode ser feito?”. Apresentar ferramentas e permitir que os alunos explorem primeiro por conta própria, antes de cair na teoria.

É importante fechar esse ciclo separando um tempo para que possam desenvolver seus próprios projetos a partir daquele conhecimento adquirido em aula, assim garantimos que o conteúdo visto seja não só uma teoria, mas uma habilidade que o aluno domina na prática.

2. Competências para um novo mercado de trabalho

Dentro do creative learning é importante estimular o ensino por competências comportamentais relevantes para o mercado de trabalho dinâmico em startups e empresas de tecnologia.

Por exemplo, se um aluno aprender programação, não basta ele desenvolver um código. É importante que ele consiga também descrever o passo a passo do que está fazendo e pensando enquanto executa.

O esperado é que ele não só consiga fazer o próprio programa mas também dar um feedback sobre os programas desenvolvidos pelos colegas.

Destacamos aqui 4 macro competências que podem ser estimuladas nos alunos e contribuem para a formação de profissionais mais adaptados ao mercado de trabalho: capacidade de entrega, autonomia, colaboração em comunidade e consciência social.

3. Capacidade de entrega

É o quanto cada aluno consegue entregar do que é proposto. A capacidade de criar estratégias para solucionar um desafio, pensar em soluções criativas, desenvolver um projeto por tentativa e erro, sem desistir e no fim poder gerar um resultado com o que aprendeu.

Essa habilidade é útil no trabalho em startups onde poucos processos estão validados e grande parte do dia a dia dos times de tecnologia é entender os problemas e pensar em maneiras criativas de resolver.

A resiliência e a criatividade são primordiais para se manter firme num projeto e conseguir realizar entregas de valor com consistência.

4. Autonomia

Autonomia tem a ver com o quanto uma pessoa consegue estruturar um passo a passo de trabalho e conduzir o aprendizado dela buscando informações fora do que já foi dado.

Definir que tipo de ajuda ela precisa e como vai conseguir. É a capacidade de autogestão e de dirigir a própria carreira.

Essa habilidade é muito requisitada pelas empresas hoje, principalmente para profissionais que querem ocupar uma posição mais sênior, que é onde se concentra a maior lacuna de profissionais capacitados.

5. Colaboração em comunidade

O digital permite muito mais colaboração entre as pessoas, desde coisas simples como fóruns na internet até novos modelos de trabalho remoto.

O profissional vai precisar colaborar com uma equipe, independente do formato de trabalho, para ajudar a resolver problemas da área dele e da empresa como um todo.

Por isso, saber trabalhar e colaborar com a comunidade ao redor é uma grande habilidade que a educação do futuro precisa desenvolver em seus alunos. Andar sozinho num mundo em constante mudança pode ser muito mais difícil hoje do que já foi há alguns anos.

Então, saber usar o poder das comunidades e fomentar o espírito de cooperação é um passo importante para solucionar problemas e continuar aprendendo durante a vida toda.

6. Tomada de decisão e risco

Quando falamos de aprendizagem criativa estamos falando do estímulo de procurar informações em outros lugares, despertar uma mente curiosa e incentivar a tomada de risco.

É claro que aqui os riscos são controlados, e o incentivo é que o aluno faça coisas para explorar os limites da sua zona de conforto, por exemplo aplicar para vagas que ainda não está totalmente preparado, ou tomar a frente de um projeto sem ter todas as habilidades necessárias.

Ao estimular os alunos a serem criativos e tomarem decisões com algum grau de risco, estamos criando pessoas capazes de encarar os desafios que o futuro pode trazer para a sociedade.

7. Educação maker

Outra tendência para o futuro é a cultura maker na educação. É a ideia do faça-você-mesmo, da criação e da prototipação.

Ela está muito alinhada com o creative learning porque quando despertamos uma mente curiosa e incentivamos a tomada de risco colocamos o aluno no lugar de ser um criador o tempo inteiro.

Tanto a educação maker quanto a aprendizagem criativa têm relação com a teoria da aprendizagem baseada em projeto. Nessa linha da pedagogia, o aluno desenvolve habilidades como gerenciamento de tempo, de time e de entrega.

Ele percebe que precisa expandir seus conhecimentos e aprender sobre assuntos fora da sua área para conseguir desenvolver um trabalho. E é exatamente esse comportamento que é esperado deles no dia-a-dia de trabalho em empresas inovadoras.

Um aluno que já tem algum conhecimento sobre a área que precisa aprender vai conseguir procurar por um curso ou uma tutoria para se aprofundar. Em seguida ele executa e testa novamente, entrando no ciclo da aprendizagem criativa que falamos antes.

O que é mais positivo nessa teoria é que ela consegue fazer o aluno entregar projetos que ainda não estão perfeitos enquanto ele continua estudando e aperfeiçoando seus conhecimentos. Ele é capaz de entregar MVPs e fazer iterações ao longo do caminho, colocando o conhecimento em prática.

8. Construtivismo

Olhando para as formações mais tradicionais, percebemos uma centralização do conhecimento no professor, ele detém todo o conteúdo que precisa ser passado além de saber também qual a melhor maneira de ensinar.

Com o construtivismo, a experiência do aluno é o centro. E o trabalho do educador está mais focado em entender quem é o aluno e como desenvolvê-lo.

Além disso, é importante que ele consiga garantir a qualidade dos feedbacks, esse momento é muito importante para os alunos conseguirem medir seu progresso, entender o que fizeram, onde acertaram, onde precisam melhorar e quais os caminhos possíveis para continuar se desenvolvendo.

Ao apresentar essa metodologia é comum ouvir as pessoas se espantarem com a liberdade que os alunos têm para conduzir seu aprendizado. E é verdade, eles têm bastante autonomia, mas o papel do professor é importante aqui não para passar o conhecimento mas para dar feedbacks.

O feedback é a parte mais importante desse processo. É o momento que o aluno consegue refletir sobre o que descobriu e o que fez até aqui, onde acertou, onde pode melhorar e quais os possíveis caminhos para continuar se desenvolvendo.

Essa devolutiva do professor é precisa, construtiva e aponta soluções para que continuem estudando e se desenvolvendo.

E você, concorda com as nossas apostas para o futuro da educação? Para continuar aprendendo sobre o tema, confira 12 dicas sobre como fazer aulas interativas no ensino superior!

Esse texto foi produzido do blog Saraiva e Educação.

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