quarta-feira, 15 de abril de 2020

Voltar as aulas depois do isolamento social não é a mesma coisa que voltar das férias

Com a data da volta às aulas ainda em aberto, defendemos que a Secretaria Municipal de Educação,  direção de escolas e toda comunidade escolar debatam os rumos da educação com o fim da quarentena. Diante do cenário incerto, o governo editou uma medida provisória que dispensa as escolas de cumprir os 200 dias letivos mas mantém a carga horária de 800 horas e com isso abre-se vários cenários que podemos adotar com os objetivos de diminuir os prejuízos para a aprendizagem e os riscos com o coronavírus.

O vírus não vai embora com medida provisória nem decreto, ele continuará a circular entre nós como o vírus da gripe influenza. Agora imaginemos os professores voltarem a lecionar em salas de aulas com 30 a 45 alunos amontoados e os professores a uma distância de menos de um metro dos seus alunos. Hoje são os profissionais da saúde que estão mais expostos ao vírus e pós isolamento social serão os profissionais da educação. Já parou para pensar nisso?

Mas não é exagero? Não. Der uma volta no centro de Baraúna e observará que não há nenhum respeito ao isolamento social. Maioria do comércio considerado não essenciais estão funcionando normalmente e a população totalmente desprotegida.

Apesar do número de casos confirmados e sintomas entre crianças e adolescentes ser pequeno eles apresentam um potencial de transmissão do vírus para os adultos muito grande e como o professor é o profissional que está diariamente em contato com eles, portanto estão diretamente submetidos a transmissão do vírus.

Diante desse problema sugerimos que a secretaria municipal de educação e as direções das escolas e creches elaborem um plano estratégico que possa responder algumas questões para o pós isolamento social:
  • Será dado prioridade ao conteúdo ou desenvolver as competências?
  • Como será a reorganização do calendário escolar?
  • Como será o espaço escolar para o aprendizado, as turmas serão divididas para diminuir o contágio?
  • Como serão cumpridas as 800 horas de aula com a redução do número de dias letivos e que atividades escolares poderão ser adotadas pelos professores para cumprir a carga horária?
  • O professor poderá usar atividades online para cumprir as horas perdidas com o isolamento social?
  • Qual é a saída para garantir o aprendizado do ano letivo, ou pensam apenas cumprir carga horária?
  • Os professores terão sua regência de classe mantida nos seus contracheques já que não cumprirão os 200 dias letivos?
  • Caso as medidas de proteção não sejam cumpridas nas escolas e creches os professores serão obrigados a lecionar e os estudantes a frequentar as aulas presenciais?
  • Vamos repensar o modelo de carga horária/distribuição de conteúdos?
  • O que será feito para recuperar os alunos que possa não mais retornar pós isolamento?
  • Como será o acolhimento dos nossos estudantes que assim como os professores estão com um alto grau de estresse?
  • O uso de tecnologias para o ensino vai ser revisto, aceito e incentivado pelas escolas?
  • Que medidas serão adotadas para proteger os estudantes e os profissionais da educação nas escolas e creches?
  • Todos os professores, funcionários e estudantes serão obrigados a usar máscara e se for a Secretaria Municipal de Educação ou Saúde vai disponibilizar para todos?
  • Como o ano letivo será muito reduzido, os recursos da merenda escolar serão usados para aumenta a quantidade e qualidade depois do retorno as aulas?
  • Que ações sanitárias e higienização serão adotadas para proteger os estudantes e os servidores da escola?
  • Como vai ser a participação dos pais de agora em diante nas decisões da escola?
  • Como será a participação dos Conselhos Escolares de cada escola na elaboração desse plano?
  • Se a secretaria de educação do município não tiver um plano estratégico as escolas poderão se utilizar dos Conselhos Escolares para elabora os seus e as creches sua equipe gestora?
Os prejuízos e perdas serão inevitáveis, ma nossa postura diante do problema precisa ser urgente e com o objetivo de minimizá-los ao máximo. Meu medo é ouvir que 2020 está perdido e com esse discurso prejudicarmos ainda mais nossos estudantes e contribuirmos para aumentar a desigualdade social que já é muito grande.

Sei que alguns dirão: estamos esperando que a governadora diga o que faremos. Sabemos que o município não tem autonomia do seu sistema de ensino mas devemos ter nosso plano antes do retorno para que depois possamos ajustar o que virá de cima para baixo.

Do nosso ponto de vista são muitas questões que precisam serem respondidas e esperamos agilidade da secretaria municipal de educação e das direções das escolas. "Fazer nada" nesse momento será o pior erro que se possa cometer.

2 comentários:

Adriano Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Adriano Silva disse...

As suas indagações e preocupações são pertinentes professor Reginaldo, mas como você coloca e cobra, somente a gestão municipal tem as respostas para as suas indagações. Visto que o momento é crítco e até mesmo os diretores tem sua atuação limitada.
Mas corroboro com você quando aponta nas suas preocupações, o que fazer após a volta dessa quarentena, nesse sentido a gestão municipal, Secretaria de Educação, deverá mostrar seu plano de gestão apra a educação para o segundo semestre, caso não tenha a gestão da escola, diretores deverá ter suas estratégias para oferecer como ponto de partida para o planejamento do segundo semestre.