segunda-feira, 6 de abril de 2020

O Coronavírus impõe aos gestores da educação que repensem seus conceitos de ensino

Escolas fechadas, alunos em casa, conteúdo curricular deixado para trás. Além de afetar a saúde pública e a economia, covid-19 deve ter graves consequências para a educação, afetando o calendário e a qualidade do ensino. A partir de meados de março, prefeitos e governadores determinaram a suspensão das aulas nas redes pública e privada. A duração da pausa no ano letivo ainda é incerta, mas deve levar de um mês e meio a três meses, conforme a evolução dos casos e a avaliação dos gestores.

Os países que melhor conseguiram adaptar seus sistemas de ensino para este período de isolamento social e "manter uma certa normalidade" são aqueles que já tinham experiência no uso de tecnologia na educação, como China, Cingapura e Estônia.

O uso da tecnologia no ensino não é novidade para quatro professores da Escola Municipal de 1º Grau Manoel de Barros do município Baraúna-RN. O trabalho de um deles já foi premiado a nível estadual e nacional com sua iniciativa, no entanto, nem isso foi suficiente para sua experiência ser replicada para seus demais colegas e muito menos do município. A falta de incentivo como treinamento desmotiva a maioria dos professores que hoje poderia estar usando plataformas digitais grátis para estimular e ensinar os alunos durante o período e pós isolamento.

Um dos professores da escola que hoje domina algumas plataformas de ensino já deu oficinas aos seus colegas, mas apenas três deles iniciou o uso. Não culpamos os professores por não implementar a tecnologia no processo de ensino e aprendizagem, mas a falta de incentivo da direção da escola e secretaria da educação que deveria adotar o uso da tecnologia como uma estratégia e programa de inovação e melhoria da qualidade da educação. Parece óbvio, mas para os gestores não é.

Sabe quanto custa para implementar o uso da tecnologia para todos os alunos do município? Zero reais.

Estamos usando os recursos que nossos estudantes já possuem. Em uma pesquisa com mais de 350 estudantes da Escola Municipal de 1º Grau Manoel de Barros em abril de 2020 verificamos que:

93,2 % possuem internet em casa (73,9 % própria e 26,1% compartilhada)
86,9 % possuem smartphone
77,9 % dos pais têm smartphone
25,8 % tem notebook ou tablet em casa

Veja o potencial que nossos estudantes e suas famílias já possuem para ser usado em benefício do aprendizado e está sendo ignorado pelos gestores da educação do município. Até quando?

Em pleno confinamento estamos motivando e mantendo maioria das atividades que fazemos na sala de aula presencial cumprindo a distância com o uso de duas plataformas grátis que são o Edmodo e a Khan Academy.

Maioria dos estudantes da Escola Manoel de Barros poderiam está estudando em casa com atividades e avaliações passadas pelos professores a distância. Outra, com a publicação da Medida Provisória Nº 934, de 1º de abril de 2020, os professores poderiam estar usando o tempo dispensado com seus alunos com aulas a distância para o cumprimento da carga horária mínima de 800 horas anuais.

Que a tragédia do Coronavírus esteja servindo de lição já que nossa experiência de cinco anos não conseguiu mudá-los.

Nenhum comentário: