sexta-feira, 2 de março de 2012

Professores perdem equivalente a 2 meses de aulas com tarefas administrativas


Levantamento do Banco Mundial feito em três estados brasileiros mostrou o tempo que se desperdiça com atividades não pedagógicas. O Rio teve o pior índice, 31%, contra 27% de Minas e Pernambuco.

Quem acompanhou as reportagens especiais que o Jornal Nacional exibiu, no mês passado, sobre os problemas da educação no Brasil, viu como a qualidade do ensino depende de muitos fatores, em graus diferentes.

Nesta segunda-feira (6), a conclusão surpreendente de uma pesquisa do Banco Mundial sobre o uso do tempo dentro das salas de aula.

Livros, cadernos, cartazes coloridos. É só a professora dar as costas para escrever no quadro, que a atenção da turma dispersa. Ela para e bota ordem na sala de novo. Um levantamento do Banco Mundial mostrou o tempo que se perde com atividades não pedagógicas.

No Brasil, foram pesquisados três estados: Rio, Pernambuco e Minas Gerais. Mesmo durante a aula, os professores pernambucanos passam 8% do tempo fora da sala. No Rio e em Minas, o índice é de 3%.

Nos três estados, os professores perdem muito tempo com o que a pesquisa chama de administração da sala de aula. O Rio teve o pior índice, 31%, contra 27% de Minas e Pernambuco.

Isto significa que durante uma aula de 50 minutos, o professor gasta 17 minutos com tarefas como limpar o quadro, distribuir e recolher deveres de casas, fazer chamada e disciplinar a turma. O tempo que o professor do Rio de Janeiro gasta com essa administração da sala de aula é o dobro do considerado ideal.

Nos países desenvolvidos, o professor gasta apenas 15% do tempo com tarefas administrativas. A maior parte da aula é mesmo para ensinar. No Brasil, o tempo desperdiçado equivale a dois meses de aulas por ano.

“A maioria dos professores trabalha em dois lugares diferentes, então não tem tempo para preparar as aulas”, declarou Barbara Bruns, do Banco Mundial.

Para tentar mudar esses números, o Rio de Janeiro começou a testar uma nova técnica, que praticamente aposenta o velho quadro. O professor agora tem na sala de aula um telão ligado na internet, com conteúdo didático, tarefas, pesquisas, para envolver mais os alunos e tornar o aprendizado mais eficiente.

“O professor se vira de costas e as crianças perdem a concentração, quer dizer, nós precisamos ter uma forma de ensinar em que o menino, a criança é chamada a participar muito mais e possa ter a sua participação na forma de fala em cima do objeto de aprendizagem” explicou a secretária municipal de Educação do RJ, Cláudia Costin.
Matéria publicada pelo Portal do JN em 06/06/2011

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