sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Natal Ecológico do Manoel de Barros: um pouco de reflexão

O que vimos diariamente são pessoas dizendo que nossos alunos não querem nada. Mas essas mesmas pessoas já perguntaram o que eles querem?


Este projeto e muitos que já foram conduzidos por alguns colegas servem para provar que todos desejam aprender, mas não como a escola dita o que e como aprender.


Os alunos do 9º Ano A matutino conquistaram e realizaram coisas impensáveis para a maioria, principalmente os que têm neles apenas como um número no censo escolar. Entre os projetos executados por eles cito dois mais importantes: Natal Ecológico do Manoel de Barros e Educação e Voluntariado pela Vida.


Outro feito importante realizado por estes alunos foi a elaboração de um abaixo assinado com o objetivo de melhorar a merenda da escola. Com o abaixo assinado pronto eles entregaram uma cópia ao prefeito, secretário municipal de educação e presidenta do Conselho de Alimentação Escolar. Resultado: a merenda teve uma melhora.


Quando decidimos executar este projeto tínhamos dois objetivos claros: realizar uma ornamentação natalina diferente para a escola e desmentir os que acham que aluno não quer nada e é um bando de incapazes.


Precisamos entender que a escola onde a maioria já estudou não serve mais para nossas crianças e adolescentes. Mesmo assim insistimos com ela. Qual o aluno que vive mergulhado no mundo dominado pelas novas tecnologias aceitará passivamente aulas altamente massacrantes e tediosas sem nexo com sua realidade? Com esse projeto além das aulas do turno que estão matriculados faziam questão de estarem trabalhando em mais um turno. Aonde e em qual disciplina vimos esse interesse?


Esse projeto foi coordenado por mim com a participação de Estela Queiroz, João Paulo, Ana Meyre e Honoelson. Alguns funcionários da escola (Fransquinha, Darlete e Socorro) se propuseram a colaborar, principalmente na última semana. Apesar do seu sucesso, nem tudo foi as mil maravilhas, como:
  • Nenhuma contribuição da Secretaria Municipal de Educação;
  • Total ausência da supervisão escolar. No final do projeto, apenas Ana Barbosa se propôs a colaborar;
  • Dos mais de 50 professores apenas quatro deram a sua contribuição (Estela, Ana Meyre, Cícera Josineide e Honoelson);
  • Dos recursos usados no projeto, a prefeitura participou com R$ 196,00. O restante foi assumido por sua coordenação, alunos e o diretor da escola;
  • Falta de espaço para confecção dos enfeites natalinos. O espaço usado foi um terreno por trás da cozinha da escola;
  • Falta de tempo para dedicação exclusiva ao projeto. Ao mesmo tempo em que executávamos o projeto estávamos em sala de aula;
  • Falta de compreensão de alguns funcionários da escola com os alunos.

Na inauguração do projeto estava presente o Secretário Municipal de Educação que elogiou o trabalho realizado pelos alunos e sugeriu que a escola deveria apoiar esse tipo de iniciativa como forma de melhorar a qualidade da educação da escola e reduzir os índices de evasão.

Todos nós sabemos que são essas iniciativas que nossos alunos se interessam e que fazem a diferença, no entanto, nós professores não temos nenhuma motivação para fazermos além do feijão com arroz que já fazemos.

O Plano de Carreira do Magistério de Baraúna-RN estabelece que a remuneração horizontal (mudança de letra) deverá ser feita mediante avaliação de desempenho do professor a cada dois anos. Para o caro leitor ter uma ideia, para que seja cumprido o plano um grupo de professores entrou com uma ação na justiça para seu cumprimento.

Logo, o cumprir o plano é indispensável para que os professores comprometidos sejam valorizados e os que não o são sejam motivados. Basta de discurso vazio e demagogo.

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