quinta-feira, 29 de abril de 2010

Professor desconectado está com os dias contados

Alberto Tarnagui, em artigo escrito para o Programa Salto para o Futuro, intitulado: Educação Digital e Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), afirma que a escola deve atender a alguns requisitos básicos, entre eles:

  1. Ser espaço em que o aluno possa construir conhecimentos e competência;
  2. Oferecer aos seus alunos sólida formação básica para seguir sua vida, bem como para realizar escolhas que a vida lhes apresenta a cada instante;
  3. O ensino deve focar na formação para ampliar a capacidade de interferência no entorno;
  4. Oferecer uma educação que valoriza tanto a dúvida como a resposta;
  5. Levar os alunos a entender o conhecimento como instrumento de comunicação e de intervenção no mundo real;
  6. Contribuir com a inclusão digital, oferecendo aos estudantes e professores acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação, gerando competência para que sejam leitores como autores nestes meios;
  7. Ser flexível e receptiva às mudanças ocorridas no seu entorno e estar preparada para promover transformações em si, garantindo seus interesses sempre que ocorram mudanças na re-educação.

Dentre os responsáveis por elaborar e colocar em prática esses requisitos básicos está o professor, diretores de escolas e equipe pedagógica.


Numa pesquisa de opinião concluída na semana passada sobre o futuro do ensino superior, uma parcela expressiva de alunos da Universidade de São Paulo - 18% - disse acreditar que o professor tem os dias contados. Não conseguiria sobreviver às novas tecnologias, perdendo a guerra contra as máquinas.


Essa visão radical, digna de filme de ficção científica, está ancorada na crença de que os novos meios de captação e transmissão de dados estão mudando o jeito como ocorre o aprendizado.


Não acredito que um professor desconectado do mundo e da sua comunidade esteja preparado para o desafio que temos: continuar a fazer a escola necessária e significante para os novos alunos.


A facilidade com que os alunos interagem com a tecnologia está impondo uma mudança de comportamento dos professores. A geração digital passou a exigir que o professor assuma não o detentor de conhecimento, mas o facilitador da construção desse conhecimento. O motivo é muito claro. Em um mundo dominado pelo uso corrente da tecnologia pelos alunos, estes não suportam mais ouvir horas de explicações enfadonhas e transcritas em uma lousa.


Apesar de o professor continuar indispensável no processo ensino-aprendizagem, seu papel mudou. Temos nas escolas três tipos de professores:

  • O que não quer mudar e se orgulha de continuar ensinando o mesmo conteúdo com a mesma metodologia a mais de 20 anos;
  • O que tem consciência que está ultrapassado e espera que a Secretaria de Educação e sua escola o ajude a mudar e;
  • O professor que não espera e já ensaia alguma mudança por conta própria.

O que temos hoje, na maioria das nossas escolas, são professores com deficiências até para repassar seus conhecimentos, imagine usar as novas tecnologias em benefício de um alunado conectado com o mundo. Culpa deles? Em parte. São culpados os que, mesmo sabedores de sua deficiência, se acomodam e não procuram atualizar-se.


Todos somos vítimas de uma péssima universidade. Assim como nossas escolas de ensino fundamental e médio, são deficientes e não mudam. Mudar exige nova forma de pensar, planejar e agir. Essa mudança dar muito trabalho e a maioria prefere continuar como está.


Fomos formados por uma universidade inserida numa época sem celular, internet, Vídeo game, Ipod, MP5, redes de relacionamentos, Orkut, Facebook, Blog, MSN, câmeras digitais, etc. Enquanto isso temos que ensinar alunos mergulhados num mundo onde espaço e tempo foram reduzidos pelas novas tecnologias da informação e comunicação.

Se quisermos continuar lecionando, só nos resta uma saída, nos conectar a este mundo que não espera nem perdoa os que o ignora.

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