Kátia, minha esposa, tem um sobrinho de 09 anos que mora em Mossoró e nos veio visitar semana passada. Na casa de seus pais ele só tem como diversão uma televisão, vídeo game e muitos DVD´s de jogos e filmes de ação. Nunca tinha sido presenteado com um livro e pela primeira vez sua tia lhe presenteou com um de Harry Potter. No momento ele ficou muito alegre com o brinde, mas achei que ao ler não passaria da segunda página.
O melhor não foi ver sua alegria, mas a transformação que este singelo presente causou na vida desta criança. Depois de cinco dias sua tia telefonou para saber se ele estava ou não lendo o livro e falou que foi o melhor presente que já tinha recebido em sua vida e que havia comprado outro livro da mesma série.
Essa mesma situação está acontecendo dentro de minha casa com meus filhos Victória e Victor. Ambos nunca se interessaram pela leitura dos livros sugeridos pelos seus professores, no entanto, continuam devorando várias coleções de livros que despertam seu interesse, principalmente os que contam uma boa história.
Muitos dirão que esse tipo de leitura não soma nada na formação de uma criança, muito menos na de um adulto. Parto do princípio de que é melhor ler Harry Potter do que não ler nada. Do ponto de vista do conhecimento provavelmente não trará muitos benefícios, mas os incentiva a desenvolver o ato da leitura, inclusive contribuirá para o melhor aproveitamento da leitura de livros técnicos e dos clássicos.
Segundo Cláudio de Moura Castro, colunista da Revista Veja, educar é ler histórias. Para ele é preciso ignorar as teorias intergalácticas dos "pedagogos astronautas" e aprender com Jesus, Esopo, Disney, Monteiro Lobato e J.K. Row-ling. Eles é que sabem.
Recentemente assisti um documentário na TV Futura de um açougueiro, o qual era analfabeto, que empresta livros na sua banca e nos pontos de ônibus para as pessoas e via a satisfação de quem tomava emprestados os livros. Resultado: todos os anos ele organiza um encontro literário onde comparecem vários escritores brasileiros consagrados.
E nossas escolas, o que estão fazendo para incentivar nossas crianças e adolescentes a entrar no mundo encantado da leitura?
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