quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A desmoralização de Baraúna ainda não sensibilizou ninguém

Fomos desmoralizados no mês de junho com a divulgação do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), no entanto, a vergonha ainda não foi suficiente para sensibilizar dirigentes da educação, políticos, profissionais da educação, sociedade civil, etc.

Ao contrário de Baraúna (RN), Sobral (CE) enfrentou o problema de frente e entre 2001 e 2007, o município quase dobrou (49,1% para 93,4%) o índice de alunos da segunda série alfabetizados e se tornou modelo para o Programa de Alfabetização Idade Série, implementado em todo o Estado do Ceará.

Em 2001, 60% das crianças na segunda série não sabiam ler, assim como 40% na terceira e 20% na quarta e metade dos alunos (48%) da antiga segunda série não conseguia ler sequer palavras, muito menos textos. Depois dos péssimos resultados veio a virada.

Sobral obteve 4,9 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2007, contra 4,0 em 2005. O número ainda está distante da meta de 6,0 que o Plano de Desenvolvimento da Educação propõe para 2022, mas está acima da média nacional (4,2) e é bem superior à média do Nordeste (3,5).

O que Sobral vez que Baraúna ainda não fez?

1) Começou a implementar metas de desempenho e estabelecer rotinas de práticas pedagógicas.

2) Cumpriu a Lei ao usar corretamente os recursos destinados à educação.

3) Estabeleceu 10 metas, sendo a primeira alfabetizar 100% das crianças ao final dos sete anos e, a segunda, alfabetizar as crianças que estavam no terceiro e quarto anos que também não estavam alfabetizadas.

4) Para atingir as metas foi formulada uma política para fortalecer três eixos: gestão escolar, ação pedagógica e valorização do magistério.

5) Blindagem da educação contra indicações políticas e um rigoroso processo de seleção para diretores.

6) Professores retornam uma vez por mês à sala de aula para revêem conteúdos e metodologias e receber material didático.

7) Pagamento de gratificações a professores com base no desempenho de sua turma. Os que alcançam a meta recebem R$ 100,00. Os que ficam abaixo da média, R$ 65,00 e os que ultrapassam a meta, R$ 130,00.

8) Aplicação de duas avaliações por anos, fora a do Estado e a nacional, feitas uma vez por ano.

9) Redução do número de escolas para melhorar o acompanhamento dos alunos e professores.

10) Ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos, mudança depois adotada pelo restante do Brasil.

Outro município que é exemplo de desempenho na educação é Acari (RN) que tem chamado atenção dentro e fora do estado. Município melhor colocado na avaliação da Prova Brasil, do Ministério da Educação, a rede municipal conseguiu, nos últimos anos, reduzir os índices de evasão escolar e analfabetismo na faixa do ensino fundamental, em índices consideráveis

Para isso, adotou medidas como a valorização da atividade docente, o desenvolvimento de um programa permanente de investimentos na estrutura física da rede, mesmo com recursos limitados, e a promoção de uma campanha de combate à evasão que utiliza os próprios alunos como fiscais e literalmente bate à porta das famílias que têm alunos faltosos.

A filosofia de ensino também abrange áreas além do currículo clássico e incentivo os estudantes a praticarem atividades artísticas e culturais. O município dá apoio a grupos culturais formados por estudantes locais e promove um calendário de exposições e feiras de ciência e cultura.

No começo de novembro, o jornal O Estado de S. Paulo apontou Acari como uma ilha de qualidade no ensino público fundamental em meio a um universo de ineficiência e desmandos nas redes municipais do Nordeste. A matéria, que elogia especialmente as atividades na Escola Municipal Profª. Terezinha de Lourdes Galvão, ressalta o trabalho de incentivo à leitura como um dos principais diferenciais do ensino no município.

Com relação ao combate á evasão escolar em Baraúna, implantamos na Escola Manoel de Barros um Sistema Informatizado de avaliação e emissão de boletim escolar com os objetivos de avaliarmos bimestralmente os alunos e professores, diminuir a evasão escolar e trazer os pais dos alunos à escola. Mas estamos enfrentando dificuldades no que se refere a entrega, em tempo hábil, dos resultados dos professores e dificuldade da direção em articular os Agentes Solidários como parceiros nessa tarefa e transporte para entrega dos boletins na zona rural.

Como percebemos, o que diferencia os três municípios é a vontade política de melhorar a educação. Com isso, a esperança que fica é que depois das eleições todos despertem para o maior problema do município de Baraúna hoje.

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