domingo, 27 de abril de 2008

Educação a serviço dos interesses partidários

Há dois serviços oferecidos pelo poder público à população que não devem serem usados para satisfazer interesses partidários, a saúde e a educação. Seria um escândalo um hospital atender somente pacientes que votou com um grupo político assim como seria um escândalo uma escola aceitar matrículas somente de crianças cujos pais votam no partido do prefeito. Os recursos da educação não podem estar a serviço dos interesses partidários.

A educação está a serviço do interesse partidário quando: diretor, vice-diretor, supervisor (a) e coordenadores de escola são indicados por critérios políticos; equipe de colaboradores é composta somente de partidários de um grupo político; funcionários são indicados por políticos da base de apoio do prefeito e as promoções e vantagens financeiras são oferecidas somente aos correligionários.

A escola deve estar a serviço da comunidade e por isso sua gestão deve ser compartilhada com a sociedade civil através por intermédio dos conselhos de educação, escolar, transporte escolar, etc.

Se a direção de uma escola está a serviço de interesses partidários, a sua autonomia para viabilizar uma escola de qualidade estará totalmente comprometida. As mudanças exigem romper vícios e métodos que ao longo do tempo vem distorcendo o papel da escola e nesse caso a liberdade do diretor é imprescindível.

Mesmo que um diretor de escola seja escolhido pela indicação de um prefeito, a sua intervenção não deve ir além disso. A maior contribuição que um prefeito pode oferecer a educação de um município é garantir a autonomia da secretaria de educação e das direções de escolas.

Essa autonomia começa quando o diretor tem a liberdade de indicar a sua equipe. É muito mais fácil para o diretor começar seu trabalho com sua equipe capacitada, motivada e comprometida com um planejamento do que iniciar uma administração com uma equipe cheia de vícios e métodos ultrapassados e pior ainda, descomprometida com um planejamento capaz de provocar mudanças significativas.

Não há autonomia da escola sem autonomia dos indivíduos que a compõem. Ela é portanto o resultado da ação concreta dos indivíduos que a constituem. Não existe uma autonomia da escola fora da ação autônoma organizada dos seus membros. É importante que as pessoas participem da discussão, em igualdade de condições, sem ter receio de expor posições contrárias. A manipulação de reuniões, na condução de decisões que privilegiam grupos ou mesmo interesses pessoais, pode gerar situações em que o autoritarismo surge, com máscaras de gestão democrática.

Vivemos num regime autoritário disfarçado de democracia e por causa disso a maioria dos professores ficam inibidos de participarem mais ativamente da escola que trabalha. Essa situação só será resolvida quando os diretores de escola forem indicados pela comunidade escolar e para isso há várias alternativas. Na minha opinião a eleição direta ainda é a melhor opção.

Mas a eleição direta para diretor não é suficiente para termos uma escola democrática e autônoma. A secretaria de educação deve viabilizar outros mecanismos de participação democrática como : Conselho Municipal da Educação; Conselho do FUNDEB, Outros Conselhos; Orçamento Participativo na Educação; Assembléia Escolar; Conselho de Escola; Associação de Pais e Grêmio Estudantil.

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa é a triste realidade do município de Baraúna. O dinheiro do Fundeb está sendo usado para fazer a politicagem, ou seja, beneficiar correligionários do prefeito em troca do voto.
Porque os professores, Sindserb e Conselheiros do Fundeb não denunciam essa vergonha?
Será que se o prefeito fosse José Araújo Dias essas pessoas ficariam calado?