segunda-feira, 3 de março de 2008

Onde está a motivação do aluno?

Nas observações de vários anos feitas durante nossa prática na sala de aula, notamos que o aluno vai à escola motivado a querer aprender. Há uma animação geral caracterizado pelo uso da melhor roupa, diálogo constante com os colegas, maior atenção e interesse nas aulas e freqüência quase berando os 100 %.
A maioria sabe que seu futuro depende de seu sucesso na escola. O problema todo está na maneira como as situações de aprendizagem na sala de aula são encaminhadas, que faz o aluno se sentir frustrado diante de suas expectativas, minando, assim, todo o prazer que o levou à escola. Diante dessa desmotivação, a empolgação só dura uma ou duas semanas.

O aluno só se motiva quando encontra e se interessa por experiências que conflitem com suas suposições. Este conflito na aquisição conhecimento gerará a motivação necessária para que ele vá em busca de respostas a fim de reencontrar o equilíbrio novamente e, assim, ir construindo seus conhecimentos. Quem assisiu o filme "Escritores da Liberdade" sabe do que estou dizendo.

A escola deve dar oportunidade para o aluno desenvolver novos conceitos através de práticas inovadoras que valorizem os reais interesses do aluno, promovendo, assim, sua autonomia e motivação. Porém, a escola tradicional não leva em conta os interesses do aluno, ao contrário, impõe conteúdos prontos, descontextualizados e regras de comportamento pré-estabelecidas, indo totalmente de encontro às suas expectativas, tirando-lhe todas as chances de ele próprio construir seu saber.

Embora saibamos que a motivação é algo muito pessoal, o professor exerce um papel fundamental nesse processo. Dizemos isso porque a motivação dos alunos está intimamente relacionada à postura e às práticas pedagógicas adotadas pelo professor na sala de aula. Não podemos deixar de fora o ambiente de convívio famíliar.

A metodologia adotada na escola tradicional, centrada apenas na transmissão de conteúdos escolares, não ativa os sistemas de aprendizagem dos alunos para construírem novos conhecimentos.

Diante desse quadro, queremos dizer que a mudança no sistema educacional é irreversível e, isso implica em assumir responsabilidades por todos os envolvidos neste processo: professores, alunos, pais, governantes e a sociedade de modo geral. Mas para superar tal quadro, esta mudança precisa ser profunda para exercer papel fundamental no processo de acompanhar os avanços do mundo e suas relações.

O mundo moderno exige sujeitos com uma formação que envolvam raciocínio lógico, criatividade, espírito de investigação, diálogo com os autores, construção de textos próprios, capacidade produtiva e vivência de cidadania plena. Temos que aprender a pensar diferente para saber lidar com o novo paradigma, logo, tentemos encontrar juntos caminhos alternativos que levem nossos alunos a sentir prazer em estudar. Caminhos que levem os professores a conhecerem melhor seus alunos, pois assim terão chance, também, de conhecerem a si próprios.

Um dos caminhos que podemos trilhar é a utilização da metodologia de projetos de aprendizagem. Os professores, ao assumirem uma postura também de aprendizes, de mediadores, de problematizadores e de investigadores, permitem que os alunos sejam, autônomos, participativos e investigadores, estimulando o estabelecimento de relações interativas, indagações e invenções, mediante as quais o conhecimento é entendido como construção e transformação de fatos. Mas a maioria absoluta de nossos professores preferem continuar no tradicional porque é mais cômodo e a metodologia de projetos é mais trabalhoso sobre todos os aspectos.

O professor, enfim, precisa abrir o espaço da sala de aula para que os alunos possam aprender, com prazer, a serem no futuro cidadãos críticos e agentes transformadores de uma nova sociedade.

Mas, a realidade vivenciada pelo professor não ajuda muito para uma mudança significativa. O que percebemos é uma desmotivação generalizada dos professores em função dos baixos salários; desvalorização da profissão pelos governantes, pais, alunos e sociedade de modo geral e premiação da incompetência e descomprometidos com a educação. Como o professor é quem pode fazer a diferença, tenho minhas dúvidas quanto a uma mudança transformadora da educação a curto e médio prazo.

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