quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Os determinantes do desempenho escolar no Brasil

Uma pesquisa realizada por Naercio Menezes Filho do Instituto Futuro Brasil, Ibmec-SP e FEA-USP, utilizando principalmente dados do Sistema de Avaliação do Ensino Básico(SAEB), executada em 2003, examina o desempenho dos alunos da 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio nos testes de competências em Matemática. Entre as várias conclusões da pesquisa, resolvi relacionar as mais marcantes, que foram as seguintes:


1) O Brasil obteve um avanço significativo, desde meados da década de 90, no aumento da freqüência escolar em todos os níveis. O problema agora é melhorar a qualidade da educação oferecida pela rede pública.

2) Os resultados confirmam que o desempenho dos alunos brasileiros é muito ruim com relação ao que seria desejável e com relação a outros países.

3) Há uma heterogeneidade muito grande de notas dentro de cada estado, com escolas muito boas e muito ruins dentro da mesma rede. Isso é um indicativo de que a gestão da escola tem um papel muito importante. Outra pesquisa mostra que das 10 melhores escolas públicas do Brasil, 08 delas possuem eleição para diretor.

4) Os alunos das escolas privadas têm um desempenho melhor do que os alunos das escolas públicas. Existe uma diferença de 10% a 30% das notas obtidas pelos alunos das escolas particulares e privadas.

5) O fator que mais influencia o desempenho escolar são as características familiares e do aluno, tais como educação da mãe, cor, atraso escolar e reprovação prévia, número de livros e presença de computador em casa. Baseado nessa conclusão do autor venho insistentemente propondo á escola que leciono um trabalho junto aos pais na tentativa de que eles assumam sua responsabilidade na educação dos seus filhos. Muitos reclamam da ausência dos pais na escola, mas são poucos os que sabendo que seu filho está faltando as aulas ou está apresentando desempenho baixo não procure a escola do seu filho. O que faltam são mecanismos de incentivo como a implantação de boletim escolar.

6) Os alunos que fizeram pré-escola têm um desempenho melhor em todas as séries do que os que entraram direto na 1ª série. Isso indica que devemos ter uma atenção maior no começo do ciclo. No caso de Baraúna, há uma deficiência muito grande dos alunos que chegam na 6ª série, principalmente os alunos que vêm da zona rural.

7) As variáveis analisados por Naercio, a nível de escola, tais como, número de computadores, escolaridade, idade e salário de professores têm efeitos muito reduzido sobre o desempenho dos alunos. Suponho que para aprendero básico que é ler e escrever e fazer contas, essas tecnologias não ajudam muito.

8) Uma das variáveis analisadas pelo autor da pesquisa que mais tem efeito no desempenho dos alunos é o número de horas-aula. Venho insistindo numa maior particiação dos professores de educação física e por incrível que pareça as escolas não fazem nada para que esses profissionais nos ajude a diminuir a evasão escolar e repetência. Nos planejamentos bimestrais, a maioria deles não participam e tem na conivência da direção o combustível do seu isolamento dos demais professores e nos projetos que se tenta impantar na escola.

9) De acordo com suas estimativas, o tamanho da turma não afeta o desempenho dos alunos em nenhuma série. Essa éumaquestão polêmica, pois a maioria pensa o contrário.

10) As diferenças na gestão dos recursos das escolas são mais importantes que a simples quantidade, ou seja, há alunos de escolas com bem menos recursos que conseguem melhor desempenho do que alunos de escolas com mais recursos.

11) Características da gestão escolar, tais como a competência do diretor na gestão e motivação dos professores também podem ter um papel importante a desempenhar.

12) A atribuição de elaboração do projeto político pedagógico pouco afetou o resultado.

13) Alunos cujas famílias recebem o bolsa escola(ou bolsa família) tende a reduzir o desempenho médio, pois estes alunos tendem a ser mais pobres e ter menos condições para estudar.

14) Quanto aos professores, os resultados são surpreendentes. Professores com mais de 49 anos conseguem transmitir mais conhecimentos para seus alunos.

15) A escolaridade do professor tem um efeito pequeno sobre o desempenho dos alunos.

16) Surpreendentemente, nem o tempo na escola, nem o fato de lecionarem mais de uma escola afeta o desempenho dos alunos.

17) O salário dos professores não tem nenhum impacto na competência dos seus estudantes.

18) Muitas propostas enfatizam a necessidade de políticas de qualificação dos professores, mas os resultados obtidos pelo pesquisador mostraram que o fato do professor ter passado recentemente por um processo de treinamento não tem nenhum efeito sobre o desempenho dos alunos.

19) O uso de retro-projetor ou computador têm muito pouco impacto sobre as notas dos alunos.

20) Os meninos têm um desempenho em Matemática melhor que as meninas em toda as séries. Em Língua Portuguesa ocorre o contrário.

21) Em termos de cor, os alunos brancos têm um desempenho significativamente superior aos negros. Isso provavelmente está relacionado às características famíliares não observáveis nos dados. Pode está relacionado á qualidade da educação dos pais, pois os alunos negros tendem a serem mais pobres do que os brancos e isso pode refletir em um menor esforço dos alunos negros, por acharem que o estudo terá um impacto menor na sua vida, devido a descriminação e estima.

22)Ter uma mãe com curso superior aumenta em 3 vezes o desempenho na 4ª série, em 9 vezes na 8ª série e 6 vezes no ensino médio.

23) Um dado interessante é que a escolaridade média das mães de todos os alunos da sua escola tem um impacto maior sobre a nota dos alunos do que a escolaridade da sua prórpria mãe. Pode ser porque mais mães escolarizadas aumentam a pressão sobre a escola para melhorar a qualidade do ensino.

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