sábado, 10 de novembro de 2007

Silêncio dos inocentes ou dos oportunistas?

Há algum tempo venho me perguntando se a maioria dos meus colegas professores usa o silêncio como defesa ou como moeda de troca.

Nossos colegas reclamam porque ganham pouco, reclamam dos políticos que metem a mão em nosso dinheiro, do uso do dinheiro da educação para alimentar o clientelismo, das direções de escolas que não têm compromisso com a melhoria do ensino, reclamam do prefeito que premia com vantagens os incompetentes e descomprometidos com a educação, reclamam de outros colegas professores que não cumprem corretamente com sua função enquanto eles sentem-se escravos do seu dever e reclamam até de Deus. Queixam-se tanto, mas calam sobre tudo isso. Não será por isso que os erros se repetem e os que os praticam se sentem cada vez mais convictos que poderão continuar praticando pois nada ira acontecer? Os professores, supostamente uma classe politicamente crítica e formadora de opiniões calam-se, imagine os analfabetos de títulos.

Esse silêncio alimenta a confiança na continuidade do erro, ou seja, nós professores estamos assinando um cheque em branco para que os infratores cometam erros com nosso aval. Esse silêncio muitas vezes tem se tornado uma mordaça psicológica a ponto de não ter a coragem nem de se defenderem de certos abusos como ouvir gritos de pessoas que por assumir uma hierarquia acima dele não revida o abuso sofrido. Admitindo que o professor use o silêncio para tirar proveito político ou financeiro considero este um professor medíocre, mas o que não se beneficia em nada com seu silêncio não tem amor próprio. Isso é ainda pior.

A coisa que um político tem mais medo é de uma classe unida e ciente de seus direitos e capaz de lutar até o fim por eles. O Governo Federal criou os Conselhos Municipais de Controle Social do Fundeb com o objetivo de que a sociedade civil, principalmente o professor, use-o como mecanismo de controle dos recursos, ou seja, o prefeito executa, mas a sociedade civil fiscaliza, denuncia irregularidades e propõe ações viáveis para a melhoria da educação do município. Mas o que os prefeitos fazem? Sabendo da fragilidade da maioria absoluta dos professores, se utilizam desses recursos para comprar o silêncio deles com pagamento de horas adicionais e gratificações que no caso do município de Baraúna consomem juntos mais de 1/4 dos recursos destinados para a Educação do município.

Diante da lógica de não incomodar os governantes com a fiscalização e denúncia dos descasos com os recursos públicos, os professores calam-se para não serem notados e conseqüentemente incomodados. Só que os potenciais formadores de opinião se esquecem que ainda existe Lei nesse país para punir os infratores. Existe um Sindicato, que se não está exercendo firmemente seu papel, deve ser reformulado para que seja o espaço de discussões e reivindicações de nossos direitos. No entanto, ao invés de se unirem em torno do sindicato, silenciam na esperança do seu chefe político e opressor oferecer-lhes vantagens (horas adicionais, gratificações e cargos de comissão). O pior é que ainda sentem-se agradecidos pelo presente de grego, pois quem tem horas adicionais trabalha 40 horas semanais e só ganha 80 % do valor e ainda na a obrigação de votar e trabalhar na campanha do seu opressor.

Parece-me que a maioria dos professores fica á espera de um salvador que resolva todos seus problemas, principalmente da melhoria salarial. Isso não existe. Lembra-se dos talentos que Jesus deu a dois homens. Um multiplicou os talentos em seu benefício porque teve atitude e o outro com medo de perder o que já tinha se acomodou e quando foram prestar contas a Jesus este último foi repreendido fortemente pela sua covardia. Será que parte de nossos colegas professores não estão sendo covardes quando acomodam-se dentro da frágil redoma construída pelo medo e comodismo por alguns e oportunismo de outros?

Nossa omissão denunciada pelo nosso silêncio é o cheque em branco e o combustível da continuidade do descaso com nossa classe e a educação do nosso município. Com relação à qualidade da educação do município de Baraúna é só consultar os vergonhosos índices revelados pelo IDEB. Clique no link http://ideb.inep.gov.br/Site/ e confira.

É indispensável que quem tem algo a expressar que o faça se utilizando dos vários meios existentes, inclusive este Blog. Caso contrário que se cale para sempre e aceite ser vítima do próprio silêncio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Na minha opinião oportunistas. A diferença da maioria dos professores é o valor do número de horas ou gratificações que estão á espera.