segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

"A escola tem a cara de seu diretor"

Do Portal Tobias Ribeiro


Quando um gestor pretende que sua instituição se desenvolva e se fortaleça, deve começar pela revitalização de sua própria liderança.


É voz corrente no meio educacional que “a escola tem a cara de seu diretor!” Dito de outra maneira, a liderança do gestor é que imprime o perfil da organização, pois cabe a ele a responsabilidade pela manutenção ou revitalização da cultura da instituição.


No entanto, via de regra, os líderes não têm consciência do que representam para os seus colaboradores. Mesmo quando não dizem nada, estão comunicando os valores da organização para aqueles que o rodeiam, pela postura, olhar ou, no mínimo, por seu histórico profissional. Um exemplo concreto de um gestor que não se dá conta da importância de seu papel é quando ele reclama de sua equipe, da falta de comprometimento ou alinhamento de seus colaboradores às propostas da instituição. Na verdade, a responsabilidade é dele, que não está exercendo uma liderança consistente na condução de sua equipe


Quando um gestor está insatisfeito com os resultados de sua organização ou com o desempenho de sua equipe, em sã consciência e sem medo da responsabilidade de enxergar as mudanças necessárias, deve, antes de tudo, reavaliar a própria atuação. Da mesma forma, quando um gestor pretende que sua instituição se desenvolva e se fortaleça, deve começar pela revitalização de sua própria liderança.


Nesse contexto, diante de um ano letivo prestes a se iniciar, vale ressaltar algumas competências essenciais que todo gestor deve perseguir na condução de sua escola.


1. Todo gestor é um desenvolvedor de pessoas!

A principal atribuição de um líder é educar as pessoas que trabalham em sua equipe, sabendo que nenhuma outra tarefa é mais importante do que esta. Educar no sentido de torná-las alinhadas e preparadas para o projeto que deseja para sua instituição.


Por isso, é o responsável direto pelo processo de seleção e recrutamento, o que não significa que deva realizá-lo sozinho, ciente sempre de que treinamento algum, por melhor que seja feito, salva uma escolha errada. Cabe também ao gestor participar do processo de socialização dos novos membros da organização e dar feedbacks constantes.

2. Todo gestor deve ser um bom comunicador!

A comunicação assertiva é uma competência essencial para uma boa gestão. O gestor é quem dá a direção dos processos e isso não é possível sem capacidade comunicativa de quem está à frente da organização.


Os maiores problemas numa organização não são causados pelo que é dito, mas pelo que não é falado. Aliás, este é um dos principais problemas apontados em absolutamente todas as pesquisas de clima organizacional que já apliquei. As pessoas dentro das instituições reclamam exatamente da falta de comunicação e, em grande parte delas, os gestores acreditam que as coisas estão claras para seus subordinados tanto quanto estão em suas próprias cabeças


Como já tive a oportunidade de escrever, quando tratei do tema assertividade, o gestor passivo não se comunica adequadamente por não valorizar como deveria a própria palavra e por excessivo respeito aos sentimentos das pessoas; o agressivo, por sua vez, não se comunica eficazmente por entender que as pessoas já deveriam desempenhar suas funções como se fossem criados à sua imagem e semelhança. A assertividade é a comunicação equilibrada, a ser desenvolvida por agressivos e passivos.


3. Todo gestor deve trabalhar com dados!

Onde não há informação, há alucinação! Allucinare, do latim, é ausência de luz; alucinação é privação do entendimento ou da razão. Uma boa gestão não pode prescindir dos dados, das informações, e cabe ao gestor buscá-las, sem ficar refém das opiniões tendenciosas de três ou quatro professores ou, então, daqueles dez pais que se sentem à vontade com a direção da escola e, por isso, a procuram regularmente. Dez pais numa escola de 400 alunos não representam mais do que 5% das famílias clientes


Neste momento do ano, pesquisa de clima organizacional e avaliação institucional do ano anterior, dados orçamentários, relatórios da sala de matrículas, informações sobre a concorrência e sobre o mercado são informações preciosas para um bom planejamento. Nos tempos atuais, quando um gestor diz que tem dez ou vinte anos de experiência em administração pode não significar uma vantagem competitiva, se ele estiver administrando, hoje, do mesmo jeito que sempre fez durante todos esses anos. Trabalhar com dados não permite a mesmice administrativa por tanto tempo, pois os dados sinalizam as mudanças e exigem flexibilidade e inovação.


4. Todo gestor deve ter foco em resultados!

Existe uma tendência natural no ser humano, por estar na zona de conforto ou por medo de enfrentar o problema, de atribuir a responsabilidade do insucesso aos outros. O mesmo ocorre do ponto de vista organizacional: a razão do insucesso de nossas iniciativas não está fora; quando as coisas não funcionam é porque não estão sendo feitas de maneira correta dentro da instituição. Diante disso, o gestor deve ser capaz de resolver os problemas deixando de lado a emoção e a familiaridade dos relacionamentos. Gestores competentes não ruminam os problemas adiando as decisões para preservar a harmonia nas relações, mas tomam as medidas necessárias, ainda que amargas, visando o bem da organização.


Portanto, o início do ano é o momento ideal para reavaliar a rota e tomar as providências para que o barco não fique à mercê dos ventos. Quando os alunos chegarem para o primeiro dia de aula, os ventos aumentarão significativamente, dificultando o reposicionamento do barco. Agora é o momento de estabelecer as inovações a serem promovidas no aperfeiçoamento da própria liderança.


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