Chris Cerf, subsecretário de Educação da cidade norte-americana conta o que fazem os diretores para melhorar o desempenho das escolas.
Poucos lugares no mundo podem apresentar um exemplo tão abrangente de revolução no sistema da Educação como Nova York. Nos anos 1980, a maior metrópole norte-americana amargava altos níveis de evasão e um índice de aprendizado que variava conforme a classe social. As ações implementadas por diferentes governos geravam resultados inexpressivos que se diluíam na burocracia. "Tudo esbarrava em um sistema cheio de amarras, que não cedia espaço para nenhuma tentativa de solução", conta o subsecretário de Educação da cidade, Chris Cerf, um dos responsáveis por puxar o fio que desfez esse nó. Há sete anos, a prefeitura iniciou uma reforma chamada Crianças em Primeiro Lugar. O slogan do programa ressaltava que o sistema engessado, em vigência até então, beneficiava mais os funcionários, os prestadores de serviços e os políticos do que os alunos. Partindo dessa máxima, tudo que era visto como obstáculo às mudanças foi repensado. Acabaram-se as 32 coordenadorias de ensino regionais, os conselhos de escola, as licitações para compra de materiais e o processo de escolha de classes por ordem de tempo de serviço (por parte dos professores).
O dinheiro e a autoridade passaram às mãos dos diretores. Ao mesmo tempo, a cobrança sobre eles começou. Quem não conseguiu resultado foi demitido. "Buscamos os melhores advogados da iniciativa privada para encontrar interpretações em leis que pareciam imutáveis e demos aos diretores todo o poder. Mas também cobramos deles que fizessem bom uso dessa autonomia", afirma. Em agosto deste ano, Cerf visitou o Brasil a convite da Fundação Itaú Social e do Instituto Fernand Braudel para contar como se deu a reforma em Nova York e conversou com NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR sobre as mudanças no papel dos diretores, que passaram a decidir o que é melhor para a escola que lideram. Para ele, a responsabilidade por garantir a Educação de cada aluno deve ser do gestor escolar e cabe ao governo proporcionar o que esse profissional precisa para atingir o objetivo.
Por que Nova York precisou fazer uma mudança no sistema educacional?
CHRIS CERF Precisávamos melhorar o índice de alunos que concluem os estudos. Queremos que todos os estudantes completem 12 anos de escolaridade e estejam prontos para a faculdade ou uma carreira de sucesso. Era necessário, ainda, dar chances iguais a todos. Nos Estados Unidos, temos grandes desníveis sociais. Se a criança nasce pobre - o que ocorre com mais frequência (mas não exclusivamente) entre negros e latinos -, historicamente ela terá uma performance acadêmica pior. A porcentagem desses alunos que chega à faculdade é menor e eles também ficam para trás em habilidades de leitura e de Matemática. Uma das metas é acabar com o desnível.
Continue lendo >> a entrevista na Revista Nova Escola.
Nenhum comentário:
Postar um comentário