terça-feira, 14 de agosto de 2018

As Tecnologias da informação e comunicação (TIC) no processo de ensino e aprendizagem.

As escolas públicas vivem imersas no insucesso provocado pelos altos índices de reprovação e evasão escolar, e pior, não conseguem sair dessa situação porque esperam mudanças usando metodologias ultrapassadas e ignorando o uso da tecnologia no processo de ensino e aprendizagem.

O modelo tradicional de escola que predomina até hoje caracteriza-se por priorizar: I) um saber fossilizado, II) transmissão verbal do conhecimento, II) oferecer um ensino descontextualizado para seus alunos, IV) supervalorização do conteúdo em detrimento ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais, V) usar somente avaliações quantitativas, VI) conhecimento fragmentado e, VII) a assimilação dos conteúdos basear-se na quantidade e repetição.

Cada aluno tem uma forma diferente de aprender e a metodologia tradicional não conseguiu e não vai conseguir fazer com que todos os alunos aprendam. A única forma de viabilizar a aprendizagem de todos dentro de suas especificidades é através do correto uso da tecnologia. Muitos gestores têm a ilusão que comprando equipamentos de última geração é suficiente para que o professor ofereça aos seus alunos uma aula diferente. Muitas escolas têm alguns equipamentos, mas os professores continuam dando aula com lápis e lousa ou na melhor das hipóteses usam a tecnologia para substanciar sua metodologia tradicional. Falta os professores serem capacitados para usar essas ferramentas.

Atualmente as propostas de modernização das escolas têm-se restringindo a equipar a escola com computadores (conectados ou não à Internet), sem contudo encarar a dinâmica do conhecimento num sentido mais abrangente segundo as necessidades de seu desenvolvimento e sem colocar a instituição educacional como mobilizadora de transformações e o professor como promotor da aprendizagem. É evidente que um professor, preparado sob uma pedagogia que entende a escola como responsável pelo acúmulo de conhecimentos, vê-se cada vez mais despreparado para uma nova atitude diante do conhecimento da aprendizagem. A concepção bancária de educação, aludida por Paulo Freire, continua sendo a tônica do ensino na maior parte de nossas escolas, embora repletas de computadores e recursos multimídias. A tecnologia deverá ser importante para forçar a elaboração de novas construções e não para melhorar velhos empreendimentos (SOUZA, apud PEREIRA, 2015 p.4)

Miranda (2007, apud cf. de Corte, 1993; Jonassen, 1996; Thompson, Simon‑son & Hargrave, 1996, entre outros), no artigo intitulado Limites e possibilidades das TIC na educação, diz que a investigação tem demonstrado que a estratégia de acrescentar a tecnologia às actividades já existentes na escola e nas salas de aulas, sem nada alterar nas práticas habituais de ensinar, não produz bons resultados na aprendizagem dos estudantes

Os autores demonstram que só tecnologia não tem a capacidade de provocar mudanças no processo de ensino e aprendizagem, e que acrescentar recursos tecnológicos nas escolas sem mudar o modelo de ensino e a capacitação continuada para os professores não trará os resultados esperados pelas escolas e seus professores. Há uma disseminação de novas plataformas educacionais prometendo milagres sem a preocupação e uma proposta de rever os métodos atuais de ensino.

O uso efectivo da tecnologia nas escolas, nomeadamente nas salas de aula e no desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem, é ainda um privilégio de alguns docentes e alunos. As variáveis que parecem ter mais influenciar neste processo são múltiplas, como vimos, mas penso que uma sólida formação técnica e pedagógica dos professores bem como o seu empenhamento são determinantes. Será ainda preciso pensar as tecnologias não como “apêndices” das restantes actividades curriculares, um prêmio que se dá aos alunos bem comportados ou um “tique” insólito de alguns docentes, mas como um domínio tão ou mais importante que os restantes que existem nas escolas. (MIRANDA, 2017)

A forma de aprendizagem está mudando e a tecnologia é a grande aliada por potencializar a inovação e nesse sentido, as instituições de ensino precisam se adequar rapidamente se quiserem acompanhar essa revolução. Agora, o domínio e uso da tecnologia pelo professor desvinculada de um trabalho pedagógico, trará frustrações e consequentemente inibirá novas iniciativas com o uso da tecnologia na sala de aula.

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